quinta-feira, 14 de julho de 2011

The scars of your love remind me of us/They keep me thinking that we almost had it all*

Desde as 2 da manhã me viro, inquieta. Mesmo que já me encontre exausta, a perturbação que invadiu minha casa desde que você voltou é maior. A pilha de revistas no meu criado-mudo não me respondem, elas dizem como conquistar qualquer homem, mas você não é qualquer homem. É o menino pra quem eu dei meu primeiro beijo. E nem em Jorge Drexler eu consigo achar uma tradução decente de mim mesma.
É chocante pensr que, ainda que tão constante quanto as marés, metade da minha vida tenho orbitado ao teu redor. E eu até poderia continuar fingindo nonchalance, ou minimizar essa presença como tenho feito nos últimos anos; mas os números me desmentem: se está aqui há 14 anos, não dá mais pra dizer que é só tesão (embora esse elemento químico ainda seja violento condutor de ocitocina entre nós). E pra ser sincera, isso agora me soa como uma obviedade cretina: é amor.
Só o amor explica a minha vontade de te dar o mundo, de te proteger dos teus fantasmas e ceder-lhe a pouca sanidade que me resta - até porque sem você ela é inútil. E a dedicação que lhe ofereço, não só aquela que me faz ficar na rua fria de madrugada para te ouvir, com a vaga esperança de um beijo. Aquela dedicação que seus olhos não vêem embaixo da maquiagem que finjo não usar, as olheiras disfarçadas de pele sedosa, os chocolates que não como e os suspiros que não digo, mas que todos sabem que nome eles têm.
Você diz que mudou e que eu ainda vou me surpreender contigo. Mas será que você mudou o suficiente? Não me entenda mal, eu acredito em você, suas atitudes me dizem aos poucos que sim. Mas é que tantas vezes eu já senti o vento frio no meu rosto no topo do Empire State que você prometeu me levar, que é natural que eu sinta medo de altura.
Talvez eu só descubra qundo a gente falar o único idioma que compartilhamos. Ou talvez você precise me ver em frente à porta com as malas nas mãos. Ou quem sabe devo apenas ser paciente e ver as mudanças no dia-a-dia - não sei. Meu único medo é que elas nunca venham, porque eu esperaria você arrumar seus cílios por 6 horas, mas não esperaria nem mais meio minuto pra você me amar.

*Pra ler ouvindo Rolling in the deep, da maravilhosa Adele - que não por acaso me identifico 100%.

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