segunda-feira, 21 de julho de 2014

"I'm wide awake/Yeah, I was in the dark, I was falling hard with an open heart/I'm wide awake, how did I read the stars so wrong?"*

*Wide awake, da Katy Perry - porque essa música e esse clipe são tão Junguianos e tão meus que parece que co-escrevi com minha terapeuta.

Não, não tô chorando por sua causa.
Tô chorando por mim. Tô chorando por reviver o mesmo dia da marmota, all over again.
Tô chorando porque o tanto que eu lutei, contra a dor revivida um milhão de vezes, lutei por você e contra mim. Não contra mim no sentido que costumava ser, aquele de me abandonar em nome do outro. Lutei contra aquela parte de mim que dizia que o melhor era ficar quieta, na rotina das séries, dos amores platônicos e do meu próprio calor.
Meu Deus, só eu sei o quanto eu batalhei pra que dessa vez fosse tudo diferente. E guess what? Foi mesmo - QUASE tudo. Superei meu pânico literal de me apaixonar, recuperei a voz ao dizer o que me engasgava, me reinventei, e mesmo de um jeito meio torto, arrisquei. E tudo sinalizava que dessa vez seria diferente. Mas não foi. Mais uma vez, foi só mais do mesmo.
Porque eu não consigo entender essa equação. Quebro minha cabeça pra tentar entender afinal o que me faz presa nessa fase, mesmo quando tento sair. E faz semanas que sempre sai no IChing a mensagem de que eu preciso considerar mais de um caminho. Só que eu não consigo ver nada, é como se eu andasse no escuro, contando só com a minha memória. E aí fica muito difícil não cair no mesmo buraco.
Como eu posso voltar no passado e fazer as pazes comigo mesma, se para isso eu preciso mentir? Porque dizer pra Raquel do passado que ela vai ficar bem e que não deve guardar os efeitos do maior dos golpes, se eu mesma não só não acredito nisso como estou aqui hoje, levando mais um? Eu sei que vou sobreviver, e que até vou conseguir ficar até bem, mas meu Deus, será que um dia vou dar pra essa menina que eu fui e que continua cuidando de mim tudo o que ela sonhou, mesmo de outra forma?
E o pior (ou melhor, sei lá) é que nada disso diminuiu o que eu sinto. Nem mesmo saber que o presente brilhante de aniversário que eu planejei pra daqui a dez dias vai ter que ser entregue pela metade, e que vou ter que substituir meu xeque-mate por um parabéns xoxinho me faz querer menos te dar um presente especial. Pelo menos dessa vez não quero te deletar da minha agenda, da minha vida, porque eu continuo sentindo o que estou sentindo. Só com um resquício mais amargo na boca. Se isso é esperança de que não vá muito longe, se é pressentimento ou só mais autoengano, não sei. Mas eu sinto, e se eu respeitei esse sentimento antes, não é agora que vou desrespeitar (e só escrevendo isso é que eu lembro da carta do tarot da manhã, que dizia pra eu me preocupar apenas em amar, sem esperar recompensas, que a recompensa viria - irônico).

segunda-feira, 14 de julho de 2014

"I'm gonna find a way to make it without you, tonight/I'm gonna hold on to the times that we had tonight/I'm gonna find a way to make it without you..."

*Try sleeping with a broken heart, da Alicia Keys - porque é óbvio que eu não vou dormir hoje.

Quantos milhões de vezes te risquei do mapa. Quantas centenas de vezes eu enterro essa caixa de Pandora que é você, e acho um jeito de seguir sem você, na esperança de que um dia isso não seja só uma forma de atravessar uma noite insone. Mas aí a coisa toda se torna um emaranhado em que eu já não sei mais se é um chamado de dentro ou se é o destino que sempre me lembra da nossa Sagrada Família pessoal. E a comparação torna tudo mais doloroso.
Porque onde Gaudí estiver, ele também deve se perguntar. Por que Deus permite que algo tão belo e grandioso seja criado, se a sua conclusão é uma ideia tão abstrata quanto o próprio conceito de Deus? Ou será que existe sim um deadline pro sonho acontecer? E nem mesmo meu vício em oráculos consegue encontrar uma resposta minimamente satisfatória.
Outra coisa que não consigo compreender (e que talvez ajudasse muito a me orientar) é essa concomitância. Eu já nem sei mais a ordem dos fatos, porque eles sempre vêm quase no mesmo instante: sonho com você - algum sonho muito real, nítido, sensorial; alguém cruza meu caminho e me faz repassar a nossa história; e você se aproxima - não a ponto de finalmente ficarmos frente a frente, mas o suficiente pra me fazer quase crer que pelo menos a nossa conversa pode existir. Quase um snapchat me dizendo que em um universo paralelo existe um nós, e nada serve de empecilho pra esse nós. E aí volta tudo, a Caixa de Pandora é aberta de novo e tudo o que fica ali é a esperança. Sabe, até hoje não entendo a moral da história da Pandora, o significado da esperança ter ficado na caixa - se isso quer dizer que todos os males são findáveis e só a esperança é imortal, ou se só ela escapa totalmente das mãos humanas. E quando penso na nossa história, essa mínha dúvida semântica faz todo o sentido.
Eu juro que penso em emagrecer-fazer hidratação-arrumar emprego-fazer a melhor versão de mim pra quando a gente se encontrar. Aí eu fecho a caixa e volto pra minha vida, pra paixão da vez, pra rotina, e esqueço de passar o creme nos pés antes de dormir. E vou conseguindo dar um jeito nas noites insones e solitárias. E juro que não vou mais abrir a caixa, pelo menos não até, sei lá, eu "ficar pronta", ou você me achar, o que vier primeiro. Até que alguém me convida a ir num show e eu descubra chegando lá que é cover do Coldplay, e eu grite Viva la vida com os olhos fechados pros holandeses lindos que estão lá. Doesn't matter, o máximo que eu vou conseguir encontrar ali é um copycat barato seu, mesmo que ele também consiga a proeza de ficar másculo usando lilás.
Porque a lógica sabe, e eu juro que sou emocionalmente inteligente pra não querer seguir esse caminho de novo. Porque eu SEI, mesmo meu coração SABE que it's not meant to be. Porque quantas vezes eu pergunto de você pro ~povo dos spoilers~, quantas vezes terei respostas imprecisas ou pior, definitivas. Mas mesmo com as respostas "definitivas" e tudo o mais conspirando contra, você ainda me aparece nos sonhos (e agora com contato físico), e mesmo quando não lembro o sonho, ainda fica um rastro do seu famoso cheiro de camisa limpa, autocontrole e testosterona. E quando isso acontece, é inevitável: eu abro a playlist (mesmo ela se chamando DO NOT OPEN THIS BOX), e quando finjo que não estou sentindo, algo dentro de mim me arrasta, e em seguida você aparece, com uma postagem ou até com o comunicador - tão perto, tão longe. E mesmo quando eu ignoro, alguma coisa na minha alma continua gritando de dor, quase como se fosse um membro fantasma, doendo uma parte que já foi amputada há tanto tempo.
Eu só queria saber se eu tenho que enfrentar a ira divina pra te encontrar, se o destino está brincando com a gente pra preparar o terreno pra inauguração da catedral, ou se eu vou mesmo sentir pro resto da vida a dor dessa parte da minha alma que ficou com você. Porque a dor não faz sentido e não é desejada, mas ela volta. Como você, ela sempre volta.