segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Lend me your ears and I'll sing you a song, and I'll try not to sing out of tune/I get by with a little help from my friends...

"Quem tem amigos, tem tudo" ou "O importante na vida não é saber, mas ter o telefone de quem sabe" dizia o poeta. E como falar de amigos sem escorregar num clichê... mas a gente tenta.
Vou confessar que, se tem uma coisa que me dá vontade de deletar o número de uma pessoa, é quando nego vem me com aquela hipocrisia de "poxa, você sumiu..." Já notou que essa frase quase sempre vem de de gente que também não te liga? Se queria tanto me ver, por que não me chamou, ué? Moro na mesma rua e tenho o mesmo telefone fixo desde o nascimento. Não é tão difícil, vai.
Tirando as exceções, o resto é regra, já diria outro poeta. Quem é amigo mesmo pode se dar o luxo de ser meio relapso de vez em quando, porque sabe da sinceridade do seu sentimento. Ele esquece de te ligar, mas não te esquece. E não perde tempo precioso da tua presença com cobranças infantis- prefere saber o que aconteceu durante a ausência, contar as novas que já envelheceram. Rir lembrando dos absurdos que pareciam tão normais no passado.
Não interessa se passou um dia, um mês, oito anos ou uma vida inteira desde a última vez que se viram. Talvez a fala fique mais acelerada (so many news, so little time), os cabelos mudem, as crianças cresçam; mas o invisível tá ali, bem audível no vocabulário que ressurge, nas piadas internas, naquela coisa tão real quanto indefinível chamada sintonia.
E esses amigos têm o poder de te arrancar de toda lama, toda tristeza. Não que eles magicamente resolvam sua vida - alguns até tentam com boa vontade, mas nem sempre rola - mas por algumas horas ou pelo breve segundo de um comentário, eles conseguem transformar tragédias em comédias, doçura em lágrimas, cerveja em remédio. E é o telefone desses alquimistas de minha vida que eu prometo não deletar, mesmo que eu nunca me lembre de ligar.

*Este post é dedicado a algumas pessoas lindas que eu tenho re-encontrado e que transformam meus dias em ouro: Gá Miranda, Mic Mic, Dani Freitas, Faby, Fê, Wanvis, Tielle... Outras que ainda hei de re-encontrar em breve: Mouzes, Maíra, Monica, Fê (Blanda) França, Eli, Leiloca... E outras que estão no meu dia-a-dia, mas não têm blog! rs (Thata, Rê, Kel Leão, Bettinha, Lu)

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

And everybody hurts, sometimes...

É engraçdo como às vezes uma besteira tem o dom de detonar uma crise. Me lembro de uma das ocorrências deste ano "duzinferno", quando quebrei um dente numa sexta à noite, comendo pão de torresmo. Foi o suficiente para desatar uma crise de choro de quase alagar a sala (e não, eu não estava em TPM).
Acontece que o choro não era pelo dente quebrado. Era pelas noites em claro que eu e minha mãe estávamos passando, ou em um hospital tomando adrenalina no braço e cortisona na veia, depois de um dos QUATRO edemas de glote, ou assustadas monitorando para evitar o quinto; era pela conta bancária zerada, pela tristeza da falta que meu pai faz (que mesmo impronunciada e/ou sublimada, existe e em momentos de hipersensibilidade emerge mesmo), solidão da falta de um amor... (é, sou suposta ex-viciada em paixão, como diria Alanis tão bem. Não me julguem - ou julguem, sei lá.) O choro era por tudo o que eu estava vivendo.
Nessas horas me divido entre a sensação de ridículo (e ouço meu superego virginiano dizendo "onde já se viu? Olha ao redor e cresce, menina mimada!) e a tristeza de sentir-se longe do direito de sentir dor por determinadas coisas, sobreposta à própria dor. E posso garantir, esse último dilema é quase pior que os fatos em si.
Mamãe sempre me disse pra ser mais otimista, que eu reclamo demais. Mas não consigo deixar de me perguntar: sou mesmo essa pessimista crônica, ou pedir otimismo é querer me transformar na Polliana Balzaca?
Porque nenhum dos fatos que me derrubam é irreal, ou desimportante (ok, talvez um dente quebrado ou uma cicatriz no nariz que sua própria cachorra mordeu não sejam lá tão importantes, mas some-os e eles ganham importância). Lembro-me de quando era criança, e por trás daquela vida tão linda a menina amada passava por tanta violência debaixo dos narizes incautos dos pais cuidadosos. Minha infância era perfeita, sim; mas não foi imaculada como pensavam. E quantas vezes o drama e o choro foram tomados como birra, mimo, quando eram pedidos de socorro? E qual a chance da mesma coisa (em outra escala, evidentemente) acontecer agora?
Questões à parte, estou nesse momento em que as coisas se extrapolam, com uma agravante: sei que pode parecer uma bobagem, mas foi o meu maior patrimônio que se danificou (OI?). Um notebook, no meu caso, não é só um notebook: é uma janela pro mundo, é uma caixa de pensamentos. E como é que eu consigo escrever um texto desse tamanho em meia tela riscada, aliás? E o fato dele ter sido pisado por alguém que não tinha sido convidado a entrar, tem algum simbolismo? (Questão retórica, óbvio que sim.)
Li essa semana algo que me consolou bastante: "Dizem que 'tudo é aprendizado'. Bullshit." Então, licença que eu vou ali chorar pelo meu notebook quebrado.