quarta-feira, 12 de outubro de 2011

And everybody hurts, sometimes...

É engraçdo como às vezes uma besteira tem o dom de detonar uma crise. Me lembro de uma das ocorrências deste ano "duzinferno", quando quebrei um dente numa sexta à noite, comendo pão de torresmo. Foi o suficiente para desatar uma crise de choro de quase alagar a sala (e não, eu não estava em TPM).
Acontece que o choro não era pelo dente quebrado. Era pelas noites em claro que eu e minha mãe estávamos passando, ou em um hospital tomando adrenalina no braço e cortisona na veia, depois de um dos QUATRO edemas de glote, ou assustadas monitorando para evitar o quinto; era pela conta bancária zerada, pela tristeza da falta que meu pai faz (que mesmo impronunciada e/ou sublimada, existe e em momentos de hipersensibilidade emerge mesmo), solidão da falta de um amor... (é, sou suposta ex-viciada em paixão, como diria Alanis tão bem. Não me julguem - ou julguem, sei lá.) O choro era por tudo o que eu estava vivendo.
Nessas horas me divido entre a sensação de ridículo (e ouço meu superego virginiano dizendo "onde já se viu? Olha ao redor e cresce, menina mimada!) e a tristeza de sentir-se longe do direito de sentir dor por determinadas coisas, sobreposta à própria dor. E posso garantir, esse último dilema é quase pior que os fatos em si.
Mamãe sempre me disse pra ser mais otimista, que eu reclamo demais. Mas não consigo deixar de me perguntar: sou mesmo essa pessimista crônica, ou pedir otimismo é querer me transformar na Polliana Balzaca?
Porque nenhum dos fatos que me derrubam é irreal, ou desimportante (ok, talvez um dente quebrado ou uma cicatriz no nariz que sua própria cachorra mordeu não sejam lá tão importantes, mas some-os e eles ganham importância). Lembro-me de quando era criança, e por trás daquela vida tão linda a menina amada passava por tanta violência debaixo dos narizes incautos dos pais cuidadosos. Minha infância era perfeita, sim; mas não foi imaculada como pensavam. E quantas vezes o drama e o choro foram tomados como birra, mimo, quando eram pedidos de socorro? E qual a chance da mesma coisa (em outra escala, evidentemente) acontecer agora?
Questões à parte, estou nesse momento em que as coisas se extrapolam, com uma agravante: sei que pode parecer uma bobagem, mas foi o meu maior patrimônio que se danificou (OI?). Um notebook, no meu caso, não é só um notebook: é uma janela pro mundo, é uma caixa de pensamentos. E como é que eu consigo escrever um texto desse tamanho em meia tela riscada, aliás? E o fato dele ter sido pisado por alguém que não tinha sido convidado a entrar, tem algum simbolismo? (Questão retórica, óbvio que sim.)
Li essa semana algo que me consolou bastante: "Dizem que 'tudo é aprendizado'. Bullshit." Então, licença que eu vou ali chorar pelo meu notebook quebrado.

2 comentários:

  1. Bom, eu como figura reconhecida mundialmente por fazer tempestade em copo d'água, obviamente me identifiquei e me senti obrigada a comentar. Let's start from the beginning: algo não tão importante (DEPENDENDO DO PONTO DE VISTA - cada um é cada um) desencadeando uma crise de "choro/desespero/desânimo com a vida e com o mundo/peso na consciência" é a coisa mais comum e super acontece ALL THE TIME comigo. Se te julgarem, lá estarei ao seu ladinho no banco dos réus (referência bibliográfica: DDD).Quanto a precisar ser otimista, minha resposta desde adolescente remains the same: fuck off! Otimismo faz vc criar expectativas e meu lema de vida é aquele: expectativas = decepções, sempre. Chore por tudo que vc achar necessário, sofra mesmo, se afunde na depressão... porque vc sabe que é só assim que se consegue ficar forte o suficiente pra se reerguer. Shit happens, todos sabemos disso, mas o que nos difere é a maneira como lidamos com isso. Destaque para o "LIDAMOS", sem fugir, sem fingir que tá tudo ok. Se te incomoda, pode chorar, gritar, ouvir Adele detonando cigarros e barrinhas de Twix.
    Só lembrando que tem sempre alguém que (mesmo com todas as "shit happens" possíveis em sua própria vida) estará por perto, ou online, pra tentar ajudar ou pelo menos mandar aquele virtual hug... Luv ya, bitch! Be strong, you'll get through it!

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  2. GA MIRANDA
    Só tenho uma coisa a dizer: leia o post seguinte. Luv ya, bitch!

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