segunda-feira, 14 de julho de 2014

"I'm gonna find a way to make it without you, tonight/I'm gonna hold on to the times that we had tonight/I'm gonna find a way to make it without you..."

*Try sleeping with a broken heart, da Alicia Keys - porque é óbvio que eu não vou dormir hoje.

Quantos milhões de vezes te risquei do mapa. Quantas centenas de vezes eu enterro essa caixa de Pandora que é você, e acho um jeito de seguir sem você, na esperança de que um dia isso não seja só uma forma de atravessar uma noite insone. Mas aí a coisa toda se torna um emaranhado em que eu já não sei mais se é um chamado de dentro ou se é o destino que sempre me lembra da nossa Sagrada Família pessoal. E a comparação torna tudo mais doloroso.
Porque onde Gaudí estiver, ele também deve se perguntar. Por que Deus permite que algo tão belo e grandioso seja criado, se a sua conclusão é uma ideia tão abstrata quanto o próprio conceito de Deus? Ou será que existe sim um deadline pro sonho acontecer? E nem mesmo meu vício em oráculos consegue encontrar uma resposta minimamente satisfatória.
Outra coisa que não consigo compreender (e que talvez ajudasse muito a me orientar) é essa concomitância. Eu já nem sei mais a ordem dos fatos, porque eles sempre vêm quase no mesmo instante: sonho com você - algum sonho muito real, nítido, sensorial; alguém cruza meu caminho e me faz repassar a nossa história; e você se aproxima - não a ponto de finalmente ficarmos frente a frente, mas o suficiente pra me fazer quase crer que pelo menos a nossa conversa pode existir. Quase um snapchat me dizendo que em um universo paralelo existe um nós, e nada serve de empecilho pra esse nós. E aí volta tudo, a Caixa de Pandora é aberta de novo e tudo o que fica ali é a esperança. Sabe, até hoje não entendo a moral da história da Pandora, o significado da esperança ter ficado na caixa - se isso quer dizer que todos os males são findáveis e só a esperança é imortal, ou se só ela escapa totalmente das mãos humanas. E quando penso na nossa história, essa mínha dúvida semântica faz todo o sentido.
Eu juro que penso em emagrecer-fazer hidratação-arrumar emprego-fazer a melhor versão de mim pra quando a gente se encontrar. Aí eu fecho a caixa e volto pra minha vida, pra paixão da vez, pra rotina, e esqueço de passar o creme nos pés antes de dormir. E vou conseguindo dar um jeito nas noites insones e solitárias. E juro que não vou mais abrir a caixa, pelo menos não até, sei lá, eu "ficar pronta", ou você me achar, o que vier primeiro. Até que alguém me convida a ir num show e eu descubra chegando lá que é cover do Coldplay, e eu grite Viva la vida com os olhos fechados pros holandeses lindos que estão lá. Doesn't matter, o máximo que eu vou conseguir encontrar ali é um copycat barato seu, mesmo que ele também consiga a proeza de ficar másculo usando lilás.
Porque a lógica sabe, e eu juro que sou emocionalmente inteligente pra não querer seguir esse caminho de novo. Porque eu SEI, mesmo meu coração SABE que it's not meant to be. Porque quantas vezes eu pergunto de você pro ~povo dos spoilers~, quantas vezes terei respostas imprecisas ou pior, definitivas. Mas mesmo com as respostas "definitivas" e tudo o mais conspirando contra, você ainda me aparece nos sonhos (e agora com contato físico), e mesmo quando não lembro o sonho, ainda fica um rastro do seu famoso cheiro de camisa limpa, autocontrole e testosterona. E quando isso acontece, é inevitável: eu abro a playlist (mesmo ela se chamando DO NOT OPEN THIS BOX), e quando finjo que não estou sentindo, algo dentro de mim me arrasta, e em seguida você aparece, com uma postagem ou até com o comunicador - tão perto, tão longe. E mesmo quando eu ignoro, alguma coisa na minha alma continua gritando de dor, quase como se fosse um membro fantasma, doendo uma parte que já foi amputada há tanto tempo.
Eu só queria saber se eu tenho que enfrentar a ira divina pra te encontrar, se o destino está brincando com a gente pra preparar o terreno pra inauguração da catedral, ou se eu vou mesmo sentir pro resto da vida a dor dessa parte da minha alma que ficou com você. Porque a dor não faz sentido e não é desejada, mas ela volta. Como você, ela sempre volta.

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